"Zombar da filosofia, é na realidade, filosofar" (Pascal)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Gladiador



Dos ideais estóicos á tentativa hollywoodiana

“A existência é batalha e estadia em terra estrangeira; a glória póstuma, esquecimento”. Nesta citação encontrada nos escritos intitulados As Recordações( ou Solilóquios), de Marco Aurélio (121 -180 d. C.), há a transmissão dos elementos da corrente estóica, que preocupa-se com a felicidade do homem baseada no controle das vontades e emoções consideradas vulgares e fúteis, não na glória póstuma e a lembrança futura.
No entanto, no filme hollywoodiano Gladiador – um épico de grande produção cinematográfica estrondosa – aponta para um rumo sem o real interesse de transmitir os verdadeiros ideais dos estóicos. Pois, no filme este tema é tratado apenas sutilmente, embora apresente na figura da personagem de Maximus a perseverança e a temperança que são os alicerces do estoicismo, que presa pelo cuidado de si, e se detém a si próprio para alcançar a paz de espírito, não necessitando de mais ninguém para fazê-lo.
Marco Aurélio, por ser um governante-pensador sempre presente nos meios sociais com ênfase na vida das cidades, preocupou-se como um bom estóico em apresentar meios pra os indivíduos alcançarem sua paz. Mas, para este pensador a paz pode ser alcançada no íntimo da alma de cada indivíduo.
A ilustração feito no filme Gladiador à política do “Pão e Circo”, explicitada e banalizada pelas mortes e sofrimento, mas ao mesmo tempo aclamada por este, por terem como gozo esta realização denota o quão frágeis são os indivíduos. Por fim, termino minha exposição com os seguintes trechos dos Solilóquios de Marco Aurélio: “ alguns procuram retirar-se nos campos, no mar, sobre os montes, e também tu costumas desejar ardentemente tais lugares; tudo isso porém, é digno de um home vulgar e ignorante, pois pode, quando quiseres retira-te em ti mesmo”, neste trecho nota-se claramente os ideais estóicos, e tudo fica melhor explanado “com efeito, o homem não pode se retirar em algum lugar em que haja tranqüilidade maior ou calma mais absoluta a não ser no íntimo da própria alma, e especialmente para aquele que tem em si idéias tais que, apenas por contempla-las, imediatamente readquire toda a paz do próprio espírito”.

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